Quando pensamos em cartografia estamos nos referindo à mapas. Na sua grande maioria eles são tímidos. Eles tendem a esconder, atrás da representação visual, seu lado afetivo por trás de cada linha, pontos precisos, palavras minimalistas, dados numéricos e propósito informativo. Mas quando arranhamos a superfície cartográfica, os mapas parecem impregnados de todo tipo de emoção. Assim como os navegadores e aventureiros narravam suas descobertas, o público aqui é convidado a ouvir e sentir o local geográfico de cada artista e seus trabalhos. A 2BIENALBLACK propõe levar você nessa viagem desvendando cada corpo apresentado aqui.

​

Esta proposta expositiva fornece uma visão geral das múltiplas maneiras de imaginar as relações entre corpos e narrativas. Essa construção é abordada a partir da perspectiva da cartografia de corpos em diferentes espaços e territórios. Ao longo do processo dessa 2a edição da BIENALBLACK, identificamos dois tipos principais de caminhos possíveis. O primeiro foi usar mapas como localização geográfica ​para representar as estruturas espaço-temporais das histórias e suas relações com os lugares. Histórias orais, visuais, escritas e audiovisuais foram amplamente mapeadas. Outro caminho foi o desafio de traduzir do ponto de vista da cartografia, os afetos contidos no ou através dos corpos e expandir a compreensão dessa relação e inspirar novas maneiras de visualizá-las.

 

Em segundo lugar, aborda-se o potencial dos corpos como narrativas e a importância de conectar o mapa com o processo completo de mapeamento por meio dessas narrativas. Embora o potencial dos mapas para contar histórias já tenha sido amplamente reconhecido, enfatizamos o crescente reconhecimento da importância de desenvolver narrativas que descrevam criticamente o processo de fluxos de corpos outros e o contexto em que esses corpos se desdobram - a ideia central da cartografia pós-representacional.

​

Ao longo desse processo, fomos capazes de lidar com a impossível tarefa de costurar as várias ideias estimulantes desenvolvidas em trabalhos diversos, de diferentes culturas geográficas, mas também as consolidar em uma grande história sobre o mapeamento da memória pessoal. Contar as histórias aqui, de como diferentes corpos são criados e como ganham vida em um amplo contexto social e nas mãos de seus usuários, irá tornar essa exposição virtual, um novo desafio para a cartografia do sensível.

​

​

​

Patrícia Brito (RS-SC)

Curadora geral

Priscila Costa Oliveira (SC)

Zaika dos Santos (MG)

Curadoras convidadas